Morte de jovem revolta moradores no Gurupi

Detentas matam jovem e provocam revolta de moradores da cidade de Boa Vista do Gurupi, cerca de 85 Km de Santa Luzia do Pará.

Indignação foi provocada pela morte da dona de casa Eliene Macedo, de 18 anos, que foi espancada, dentro de uma cela, por outras detentas. Ela tinha sido presa quatro horas antes, acusada de abandono de incapaz.

A delegacia de Boa Vista do Gurupi foi totalmente destruída. Os moradores invadiram o lugar e atearam fogo em tudo: equipamentos, móveis e em quatro motos que tinham sido apreendidas. Dois carros, inclusive o único da polícia na cidade, também foram incendiados.

A revolta da população foi provocada pela morte da dona de casa Eliene Barros de Macedo, de 18 anos, que foi espancada, dentro de uma cela, por outras detentas. Ela tinha sido presa quatro horas antes, acusada de abandono de incapaz, um crime com pena de até três anos de prisão.

Segundo a polícia, para ir a uma festa, Eliene deixou os dois filhos, um de 11 meses e outro de 3 anos, com a bisavó das crianças, de 80 anos, que é cadeirante e tem problemas de saúde. O delegado da cidade, Luis Cláudio Balby, diz que a idosa não teria condições de cuidar sozinha das crianças e que, por isso, a prisão ocorreu dentro da lei:

"Essa pessoa foi levada e autuada em flagrante na delegacia, foi arbitrado fiança, no mínimo legal, e por não ter pago a fiança, ela foi recolhida ao xadrez".

Durante o protesto dos moradores, algumas presas chegaram a ser espancadas e 20 detentas fugiram. Até o momento, dez foram recapturadas. A Secretaria de Segurança Pública do Maranhão informou que vai abrir uma sindicância para apurar por que a jovem, mesmo acusada de um crime envolvendo crianças, o que normalmente revolta outras detentas, foi deixada em uma cela junto com presas consideradas perigosas.

O superintendente de Polícia do Interior, Jari Paiva, disse que Eliane ainda foi levada com vida para um hospital, onde morreu logo depois, e que os policiais da delegacia não tiveram como evitar o espancamento: "Ela foi amordaçada. Colocaram um pano na boca dela, que impedia de gritar por socorro, dificultava pelo menos. Quando os policiais ouviram o barulho na carceragem, foram imediatamente prestar socorro, tanto é que ela foi retirada com vida”.

A família de Eliene disse que as crianças não foram deixadas só com a bisavó, porque havia um outro parente na casa, mas a polícia contesta a informação. Assim que ela foi presa, agentes levaram os dois filhos pequenos de Eliene para outras pessoas da família. Nesta segunda-feira (21), a policía prendeu três pessoas que participaram do quebra-quebra na delegacia.
[JORNAL NACIONAL]